sexta-feira, 14 de março de 2014

Aí vem o "Pavão bizarro"


Nos próximos meses, estarei publicando pela Editora Patuá meu primeiro livro de poesia, chamado Pavão bizarro. Ele é composto por 39 poemas, escritos em sua grande maioria entre os anos de 2006 e 2014 (cerca de cinco deles são um pouco anteriores). A princípio, o objetivo era simplesmente dominar os meios técnicos da escrita, o que explica certa experimentação gratuita com as formas e uma ênfase na metalinguagem. Com o passar do tempo, no entanto, fui verificando que alguns poemas já eram mais do que meros exercícios técnico-formais e que o conjunto apresentava uma consistência que justificava sua publicação. Não posso dizer que, ainda hoje, os poemas do livro representem integralmente meu pensamento e minha concepção de poesia, mas eles registram um longo e por vezes árduo percurso, incluindo a superação de longos períodos em que me achava completamente inapto a continuar escrevendo qualquer coisa que não fosse crítica literária. Publicar o Pavão bizarro, de certa maneira, é limpar o terreno para novos projetos, novas preocupações... Mas não foi um processo fácil encontrar os meios para publicá-lo. Nesse sentido, só tenho a agradecer à Editora Patuá, que tem aberto espaço para novos autores ou autores menos conhecidos do público, com um catálogo recheado de títulos de poesia (coisa muito rara em nosso mercado editorial).

Pavão Bizarro, cujo projeto editorial é de Eduardo Lacerda, conta ainda com a ilustração de Leonardo Mathias na capa e com um prefácio finíssimo escrito por Fábio César Alves. O livro já está disponível para venda no site da editora, como pré-lançamento. Segue um aperitivo:

O anjo torto

Por natureza, os
anjos são seres
etéreos, frágeis
corpos de matéria
luminosa (róseos
fogos-fátuos); vide
os querubins de Rafael.

Mas não este que
Antônio Francisco
Lisboa, vulgo
Aleijadinho, arrancou
das entranhas da pedra
— em vez de asas, grossas
raízes lhe brotam das costas.

Será este o anjo torto
que vaticinou de Drummond,
já no nascimento, a malfadada sina?

Um anjo canhestro que
a própria terra, ruminando,
teceu na trama de suas trevas,
e coube ao artista fazer o parto
de seu corpo espesso e compacto,
irredutível às puras essências
do espírito; espúria
matéria escura.

Para ler mais alguns poemas e/ou comprar o livro (que só poderá ser adquirido pela página da editora na internet), clique AQUI.

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