O assunto do momento é a discussão em torno de Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. A obra — que integra a lista dos livros distribuídos gratuitamente nas escolas
do país pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), do governo federal
— foi alvo de uma denúncia feita à ouvidoria da Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2010, por supostamente reforçar estereótipos negativos em relação aos negros. Desde então, o processo se
arrasta em várias instâncias, envolvendo a sociedade num caloroso debate. Nos
dias 11 e 25 de setembro, ocorreram, sem muito sucesso, audiências de conciliação mediadas pelo Supremo Tribunal Federal — de um lado, o Ministério da
Educação e a Advocacia-Geral da República, do outro, a Seppir e organizações
do movimento negro brasileiro. Tudo indica que a discussão deve ir a plenário,
onde será resolvida pelos ministros do STF.
Inicialmente, pleiteava-se a supressão do livro da lista do
PNBE; num segundo momento, dada a resistência de alguns órgãos federais e da
pressão de setores da opinião pública, passou-se a reivindicar apenas a inclusão de uma nota explicativa, alertando para a presença de
estereótipos raciais, a exemplo do que já havia acontecido no que se refere à caça de
animais selvagens, no mesmo livro; agora, vige a compreensão entre os
representantes do movimento negro de que só a nota não seria suficiente —
seria necessária também a capacitação dos professores para lidar com a questão
em sala de aula. Que fique bem claro: não se trata de proibir a venda do livro
ou sua circulação nas escolas do país; a discussão se dá em torno da
conveniência de se empregar dinheiro público na distribuição de uma obra que
contenha teor racista, contrariando as diretrizes estipuladas pelo próprio MEC.
Leia aqui.
Tive a oportunidade de escrever sobre o assunto no terceiro número
da Revista Opiniães (que pode ser baixada aqui), em coautoria com Laura Penna
Alves. No entanto, devido à sempre complexa tarefa de escrever um texto a
quatro mãos e ao apertado dos prazos, sinto que o resultado final não expressa
exatamente minha posição, por isso peço licença aos colegas de revista para
voltar ao assunto.
Em primeiro
lugar, não quero me alinhar à ideia de que o racismo, se ele de fato existe em Caçadas de Pedrinho, é um problema
extraliterário, que não diz respeito à crítica e não deveria importar em
qualquer consideração de natureza estética. Não. Se o racismo existe na obra,
se está configurado nela, então se trata de um dado literário que necessita ser
encarado como tal, do contrário, corremos o risco de separar forma e conteúdo,
como se apenas uma dimensão da obra fosse digna de reflexão da parte dos
especialistas. A forma nada mais é do que a integração do conteúdo numa
totalidade semântica e estilística, de maneira que todo o conteúdo participa da
forma, e esta não existe sem aquele. O racismo, portanto, quando internalizado
numa obra, é um problema literário.
Por outro lado, parece-me mais do
que justa a objeção de que, mesmo a obra contendo algum grau de racismo, ela
não pode ser reduzida a somente um de seus aspectos, contanto que apresente
uma diversidade de significados que suscite questões de outra ordem. Uma obra
literária de viés racista não precisa ser, necessariamente, apenas uma obra
racista, a menos que seu autor tenha feito do racismo o eixo central que
articula as demais dimensões do texto, tornando-a um mero panfleto de
suas crenças individuais e preconceitos. Mesmo sendo problemática em alguns
pontos, pode ser que a obra traga em seu bojo questões pertinentes, ensejando
discussões mais produtivas. Mas, acima de tudo, não se deve cobrar de uma obra
escrita nas primeiras décadas do século XX a compreensão que temos hoje sobre a
temática racial, embora também não possamos nos eximir de refletir sobre as implicações que sua leitura traz para o debate contemporâneo; evitemos tanto
o anacronismo puro e simples quanto o relativismo absoluto.
Para terminar o capítulo dos
pressupostos de leitura, é preciso considerar ainda que a consciência autoral,
ao longo do processo de escrita, refrange-se em diversos níveis e sentidos,
emprestando uma relativa autonomia ao discurso cristalizado em literatura. As
necessidades internas de configuração da obra, assim como uma série de impulsos
e interferências que por vezes atuam independentemente das intenções do artista,
permitem que ela (a obra) seja alguma coisa além do que a transposição direta da visão
de mundo de seu autor para o plano da representação literária. Não é raro que
um artista habilidoso acabe produzindo algo que supere suas próprias
limitações ideológicas. Saber que Monteiro Lobato era racista importa menos do
que saber se o racismo está incorporado a sua obra, isto é, se é
possível identificar nela traços que acusem o racismo do autor e de sua época.
Dito tudo isso, passo à análise de alguns trechos do livro, mantendo sempre em
vista o problema específico do racismo, mesmo reconhecendo que a obra
possibilita outras abordagens.
***
De saída, preciso dizer que não sou conhecedor da obra
infantil de Lobato, logo minhas considerações aqui partem de uma leitura
cerrada de Caçadas de Pedrinho para o
âmbito da cultura brasileira de uma forma geral. Minhas conclusões, portanto,
não se estendem às demais obras do autor.
Caçadas de Pedrinho,
livro publicado inicialmente em 1933, é composto por duas histórias autônomas.
Na primeira delas, após Pedrinho e sua turma caçarem uma onça, os animais da
floresta decidem retaliar os moradores do Sítio do Pica-Pau Amarelo, preparando
um ataque; na segunda, um rinoceronte escapa de um circo no Rio de Janeiro e
chega ao sítio de Dona Benta, onde se torna alvo da perseguição de agentes do governo embaraçados em questões burocráticas absurdas. Durante a
leitura, deparei com quatro passagens que podem ser consideradas problemáticas em relação à discussão sobre o racismo, sendo que a que mais me
incomodou é a que menos tem chamado atenção até agora.
Apenas duas delas apresentam uma conotação racista mais
explícita, ambas, não por coincidência, saídas da boca de Emília. Num
determinado momento, ela interpela Tia Nastácia da seguinte maneira: “— E você,
pretura?”. Já quando os moradores do sítio tomam conhecimento da invasão
iminente dos seres da floresta, a boneca falante adverte: “— É guerra e das boas. Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta”; está claro que, para a personagem, a carne negra deve parecer menos atrativa, quiçá repugnante, para
as feras que planejam atacar o sítio. Ao considerar tais passagens, é preciso
levar em conta a posição peculiar que Emília ocupa na obra infantil de Lobato. Parece-me que a boneca
falante representa uma espécie de anti-heroína, falando e fazendo tudo o que
lhe vem à cabeça, de maneira a desafiar as convenções
sociais e as restrições impostas pelo mundo dos adultos. Ela é, para utilizar
um termo muito em voga hoje, politicamente incorreta; uma espécie de Rafinha
Bastos de seu tempo e para seu universo infantil.
Incontestavelmente, Emília
é uma personagem à qual se pode atribuir alguma dose de racismo, mas a simples
presença de uma personagem dessa natureza não é suficiente para definir,
digamos, o ethos geral da obra. As
palavras de uma personagem não devem ser confundidas com o discurso do autor, a
menos que acabe ficando claro, numa análise criteriosa, que aquela se trata de
um alter ego deste — e ainda assim se
fazem necessárias inúmeras ressalvas. A visão de mundo do autor sempre comparece
filtrada, refratada e às vezes distorcida nos vários níveis da composição
literária, de modo que uma personagem pode muito bem expressar ideias que vão
de encontro àquilo o que o escritor verdadeiramente pensa. Tanto é assim que as
palavras de Emília quanto à aparência pouco atrativa da carne negra são
desmentidas justamente por uma das feras que atacam o sítio.
Diante de uma Tia Nastácia prestes a escorregar do mastro onde subira para
fugir do ataque, um “onço” diz, lambendo os beiços: “— O nosso banquete
vai começar pela sobremesa. O furrundu está dizendo que não aguenta mais e vai
descer...”. Aos olhos da fera, Tia Nastácia se assemelha a um doce feito de
cidra ralada, gengibre e açúcar mascavo. De que lado está
a verdadeira visão do texto? Nas palavras da boneca ou nas do onço? A pele da negra é, afinal de contas, motivo de repulsa ou de atração?
Outra passagem, talvez a que tenha gerado mais polêmica,
narra justamente o momento em que Tia Nastácia — que até então duvidara teimosamente
do ataque das criaturas da floresta — sobe no mastro de São Pedro para se
abrigar: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos
reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro
acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão
trepar em mastros”. Palavras do narrador. A intenção cômica da passagem é
evidente — o que justifica, em partes, o acento ridículo atribuído à
personagem — e, a priori, a
comparação com a figura do macaco, nestas circunstâncias, não é,
necessariamente, ofensiva (calma, eu disse “a
priori”). Numa outra passagem da história, Pedrinho conclama seus
companheiros de aventura da seguinte maneira: “Avança, macacada!”, sem que haja
qualquer conotação racial aí.
Entretanto, não se pode ignorar uma questão
relativa à pragmática da língua: “macaco” é um termo constantemente utilizado
como forma de tratamento ofensiva contra os negros, com o objetivo de
posicioná-los nos degraus inferiores de uma hipotética escala de humanidade. De
todos os animais, os símios são os que mais se assemelham aos humanos; chamar
um negro de macaco é como insinuar que ele não é uma pessoa, embora se pareça
com uma. A palavra “carvão” também costuma ser empregada de maneira ofensiva contra os negros. É impossível saber se Monteiro Lobato quis mobilizar tais conotações no símile construído por ele entre Tia Nastácia e uma macaca de
carvão, seja conscientemente ou pelo fato de tal associação estar tão
naturalizada que se impôs espontaneamente. Mas é preciso considerar que
não se pode isolar o texto literário do contexto linguístico no qual sua
leitura se dá, querendo evitar seu imbricamento com os significados correntes ou
latentes na cultura contemporânea e na tradição. Não sei se a passagem é
ofensiva, mas ela possui claro potencial ofensivo, dependendo do repertório cultural que a pessoa atualize durante o processo de recepção. Creio que para neutralizar
tal potencial seria necessário um distanciamento histórico ou
crítico-filológico que, a meu ver, não se desenvolve automaticamente entre crianças, daí a importância nesse caso do professor como mediador da leitura.
Antes de prosseguir com a análise, gostaria de
apontar que a denúncia contra Caçadas de
Pedrinho não se baseia exatamente no teor racista de passagens específicas
do texto, mas no modo como a representação de Tia Nastácia supostamente reforça
estereótipos negativos em relação à figura do negro. Sob esse ponto de vista,
cabe perguntar: o tom frequentemente ridículo com o qual a personagem é
retratada no livro é apenas uma consequência das convenções do gênero cômico?
Nesse caso, não seria de se esperar que outras personagens recebessem o mesmo
enquadramento ridículo, dependendo de sua função no texto? Ou será que Tia
Nastácia é alvo preferencial do deboche do narrador? Baseado exclusivamente em
minha leitura, posso afirmar que o rebaixamento cômico da negra parece só
encontrar correspondente entre os animais falantes do sítio, como no caso do
Marquês de Rabicó, que é um porco. Será que essa escolha na distribuição dos
tons estilísticos da obra não revela algo do quadro das relações raciais de seu
tempo?
É possível que, em outras obras, Tia Nastácia
seja retratada com maior dignidade, o que, até onde pude ver, não se deduz da
leitura isolada de Caçadas de Pedrinho.
Como já disse duas ou três vezes, e é bom que se repita, não conheço as obras
infantis de Lobato. Tudo o que posso fazer é dirigir meu leitor à opinião mais
do que avalizada de Marisa Lajolo. Para um Monteiro Lobato racista, acesse aqui; para um Monteiro Lobato não racista, aqui.
***
Permitam-me, no entanto, discordar de Marisa
Lajolo justamente em relação à passagem final do livro, que, para ela, é um
exemplo de antirracismo. Ao final da história, os moradores do sítio tapeam os agentes do governo e conseguem que o rinoceronte permaneça entre eles. Então uma
brincadeira é inventada: atrela-se o robusto animal a um carrinho, para que ele possa
carregar os moradores para cima e para baixo. Até mesmo Dona Benta e Tia Nastácia, a
princípio arredias, acabam se rendendo à nova diversão: “Dona Benta deu um
suspiro de alívio e voltou ao terreiro. Queria continuar o seu passeio no
carrinho. Mas não pôde. Tia Nastácia já estava escarrapachada dentro dele./ —
Tenha paciência — dizia a boa criatura. — Agora chegou minha vez. Negro também
é gente, sinhá...”.
“Escarrapachada”
indica desmazelo e descompostura; mais uma vez, o acento ridículo recai sobre a personagem. Diante da cena, o leitor pode rir condescendentemente da “boa criatura” que, apesar de ignorante e simplória, é adorável. A despeito do tom simpático da passagem, ela remete a um estreótipo amplamente disseminado na
cultura brasileira: o do bom negro, que é aquele que sabe exatamente seu
lugar. O bom negro é sempre humilde, dócil e afável, mesmo na hora de
reivindicar o que aparentemente é seu de direito, e nunca deixa de acenar
com a hierarquia: “Negro também é gente, sinhá”.
Claro, vindo de uma criatura assim tão inofensiva, tão digna de nossa
compaixão, concedemos facilmente: sim, sim, negro também é gente. Como não lembrar da Irene do poema de Manuel Bandeira, “Irene no céu” (1930)?
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
A postura bonachona de São Pedro não é a mesma que o leitor assumiria na leitura do final de Caçadas de
Pedrinho? E a “preta boa” Irene não é o exato paralelo da “boa criatura”
Tia Nastácia? Tanto uma quanto outra são conhecedoras dos códigos de
comportamento que pesam sobre sua condição social e racial, e sabem muito bem
se amoldar a eles. Em “Licença, meu branco!” nem o afetuoso do pronome possessivo
é capaz de elidir a distância social que as palavras “licença” e “branco”
sinalizam; no máximo, torna essa distância mais tolerável do ponto de vista psicológico. E para demonstrar a atração irresistível que os designativos da
condição negra exerciam sobre os qualificativos ligados à bondade, tomemos um fragmento de “Infância” (1930), de Carlos Drummond de Andrade:
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala — e nunca se
esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Na
lembrança do eu lírico, café e negra se confundem numa mesma
gama de reminiscências sensoriais: o café é preto que nem a preta velha; café bom,
preta boa (o paralelismo fica implícito). É muito comum encontrar em nossos escritores do começo do século
XX — cuja origem geralmente estava associada às elites rurais em decadência — essa nostalgia do regime patriarcal-escravista, reverberando um sentimento que Alberto de Oliveira já versara em terza rima. Em “Velha
fazenda” (1911), encontramos:
O caso que lhe ouvi daquelas ruínas
É o de que tem notícia a cada passo
Quem aí fora à terra anda em capinas,
E sem cultura, pois lhes falta o braço
Do escravo prestadio ao clima afeito,
Mortas lavouras vê de espaço a espaço.
O
“escravo prestadio” nada mais é do que a versão parnasiana e
masculina da boa negra. A imagem do negro (ou, mais frequentemente, da negra)
sempre solícito e afetuoso é algo que se cristalizou no imaginário brasileiro,
constituindo-se numa espécie de preconceito invertido que, no final das contas,
apenas mascara uma expectativa quanto à atitude do negro em nossa sociedade.
Negro bom é o negro pacato, paciente, submisso, que encontra seu arquétipo na
figura do Preto Velho da umbanda.
Certa
feita, o cartunista Ziraldo, ao desenhar Monteiro Lobato agarrado a uma negra
para o bloco carnavalesco “Que merda é essa” (reproduzido na cabeça deste artigo), fez veicular sua opinião que
“racismo sem ódio não é racismo”. Tal argumento se baseia no fato de que, desde o final da escravidão, o racismo
aqui no Brasil não foi, ao contrário do que ocorreu nos Estados Unidos,
institucionalizado, nem tivemos conflitos em larga escala motivados por questões
estritamente raciais. Isso não quer dizer que outras formas de racismo não
subsistam em nossa cultura, inclusive numa versão um tanto disparatada, que é o
caso do racismo afetuoso. Sim, racismo com afeto, que de todos é o mais
pernicioso, porque não assoma com facilidade à consciência de seus agentes e de
suas vítimas. Ao contrário do que possa parecer, condescendência não é respeito, pois parte de uma relação assimétrica, deixando-a intacta, ou melhor dizendo: a condescendência
se alimenta da assimetria e a perpetua.
À
medida que se elege o bom negro (submisso) como ideal da situação da população
negra no Brasil, o que temos é uma desqualificação daquele indivíduo que se
indigna contra as desigualdades motivadas pela cor da pele e resolve não mais
contar com a aprovação condescendente dos brancos. Tudo que passa ao largo da
imagem do bom negro — com seu conformismo paralisante — é preto metido à besta
e insolente. Essa é uma sombra que, a meu ver, praticamente um século depois ainda pesa sobre o movimento
negro brasileiro, acusado de fomentar o ódio e deflagrar conflitos,
ameaçando assim a democracia racial na qual supostamente vivemos, estabelecida
sobre o princípio redentor da miscigenação, que dissolveria todas as desigualdades.
***
Para finalizar este artigo, que já se faz mais extenso do que o viável para um post de blog, gostaria de dizer, em primeiro lugar, que a abordagem de Caçadas de Pedrinho em sala de aula é uma ótima oportunidade para discutir o problema do racismo, o que seria muito mais frutífero do que simplesmente restringir o acesso dos alunos à obra. Em segundo, infrutífera mesmo é a posição de que o problema não existe, ou de que ele nada diz respeito à literatura, que deveria pairar acima de questões mundanas como essa. É como se uma parcela significativa da opinião pública quisesse impedir o debate, dizendo que não há, absolutamente, o que debater. O fato de Monteiro Lobato ser racista faz alguma diferença para os estudos literários? Não. Mas e o fato de uma obra de Lobato conter elementos racistas? Claro que sim. É curioso como certas pessoas se apressam a desqualificar a discussão antes mesmo de verificar se as denúncias contra o livro procedem, e mesmo que não procedessem, ainda se faria necessário discutir o papel que atribuímos à literatura na formação de nossas crianças. Por fim, o debate constante em torno do problema do racismo — ousaria até mesmo dizer que independentemente das estratégias práticas adotadas para combatê-lo — serve para desnaturalizar determinados preconceitos arraigados em nossa cultura, seja no caso da discriminação hipócrita ou explícita, seja na forma de preconceito invertido, que apenas repõe o preconceito sob uma feição mais aceitável.
ATUALIZAÇÃO: Eis dois bons textos sobre a discussão:
O racismo de Monteiro Lobato, de Alex Castro
Monteiro Lobato, racismo e eu, de Carlos Orsi
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ATUALIZAÇÃO: Eis dois bons textos sobre a discussão:
O racismo de Monteiro Lobato, de Alex Castro
Monteiro Lobato, racismo e eu, de Carlos Orsi